Minha avó Melânia *-*(F)

Jurava que tinha sentindo a sua mão, sobre a minha cabeça, a fazer um doce cafuné para que eu pudesse dormir em paz. Fico na expectativa de matar um pouco da saudade que sinto, mas por foto é muito pouco, quero sentir seu cheiro novamente, estar a sua casa e sentar-me a mesa enquanto você prepara o almoço. Mas não tenho isso. Tudo o que tenho é a mobilia de seu quarto e fotos.

Depois de tantos anos a dor é a mesma, não diminui, parece que só aumenta e serve para me lembrar que eu não sentir seu abraço de novo. Esta é a única coisa que não consigo deixar, esse sentimento que não sei o nome. Já me perdoei por não ter tido a exata noção do acontecimento na época, mas nada faz com que o desejo de ter-te junto a mim diminua, só tende a crescer.

Quero escutar de ti a opinião que tens sobre mim, quero sentar-me em seu colo e ver toda a familia reunida a conversar, como antigamente. Quero ter o abraço de todo Natal, de todo o aniversário, de todo o dia. Não é pedir demais que os dias passem mais rápido para eu poder enfim ficar junto de ti. Ou é? Eu sei, já ouvi milhares de vezes que você está a me observar, está junto de mim, mas eu não quero a sua presença espiritual, quero a sua presença carnal.

Eu ainda choro com a mesma infelicidade da primeira e a dor é a mesma. Me desculpe Vó por chorar com tanta frequência, mas a saudade é grande e a consequência da sua ida só tornou isso pior. Vó, sinto tanta falta daquela época e o que tenho hoje não se compara, é bom, divertido, mas não é a mesma coisa. Está tudo tão diferente sem você aqui. Vó, não consigo parar, me perdoe por isso. Eu estou bem apesar das lágrimas que escorrem em meu rosto, há pessoas aqui cuidando de mim, mas simplesmente não consigo parar.

Um dia, eu sei, terei a sua resposta, em alguma noite você irá responder a tudo o que digo. Um dia Vó, um dia...